TRADUTOR

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

RAIZ DO BEM

O POETA MATUTO (1)

Geraldo do Norte

http://www.opoetamatuto.com.br
http://radiomec.com.br/notabuleirodobrasil




Geraldo do Norte, vivendo hoje em Suruí (RJ), é uma viva representação da diversidade cultural do Rio de Janeiro. Nascido em Parelhas, sertão do Rio Grande do Norte, Geraldo produz e reproduz em solo carioca a mais legítima poesia dos bardos nordestinos revivendo em seus poemas a saga de um povo que extrai da terra – sua mais recorrente fonte de inspiração – a matéria lírica e a essência sertaneja que projetaram em todo o território nacional nomes como Patativa do Assaré, Zé Limeira e Cego Aderaldo.
Geraldo do Norte tem o programa "No Tabuleiro do Brasil" que vai ar ar todos os dias, de 3h a 6h da manhã, sob o comando de Geraldo do Norte, na Rádio Nacional AM do Rio – 1130 kHz.




Raiz do bem

(O que vem de cima cai o que sai de baixo nasce)

(Geraldo do Norte)

“Enquanto houver no Jacaré nossa raiz do bem... Um Pé de samba plantado em Xerém”.

         É assim que o velho e bom Jorge Curuca homenageia seu compadre Monarco, o Monarca do Samba (Jacaré,  onde vivia à época deste samba) e seu amigo Zeca Pagodinho (Xerém, dos heróicos tempos do Pagode da Intendente).

           O que vem de cima cai pesado, impondo, corrompendo e destruindo. Impõe quando políticos atrás de votos liberam licenças e até que, supostamente, aprenderam no lar. Por exemplo, dos “meninos da Mangueira, que, “receberam no Natal um pandeiro e uma cuíca” e que havia um Papai Noel, “moleque sarará, primo irmão de dona Zica”. Os meninos de nossas comunidades, hoje, estão recebendo o chamado “proibidão”, com uma máquina em cada birosca, tocado a toda altura. Em cada clube, toneladas de som, em cada colégio uma boca de fumo e, quando se fecha algum antro destes, o digno empresário só muda a sua parafernália para o endereço mais próximo. Ou seja: Tal baile vende 10 milhões de porcaria a cada fim de semana e os investigados, garçons, seguranças, cozinheiros, pagam o pato. O empresário e seu staff saem imunes. É essa uma das fórmulas de destruição da cidadania, da verdadeira cultura.

Outra praga, as concessões de meios de comunicação, sem qualquer controle do que vão oferecer à nossa juventude. É assim que se mata na fonte o potencial de uma juventude.

Extinguiram os festivais de favela, os sambas de quadra deixaram as escolas, os próprios sambas enredos caíram de qualidade. O samba não morre mas agoniza nos escritórios, com “mecenas” ganhando em duas ou três escolas sem saber rimar capim com passarim.

            Enquanto isso, várias equipes de bailes espalham sua caixas de maldades pelos quatro cantos da cidade, com a cobertura das TVs comerciais. O esquema é sórdido: usam alguns trouxas da comunidade, e põem no horário nobre para justificar o toque popularesco dos programas.

       Mas aí eu me pergunto: Será que está tudo perdido? Tudo caindo? Eu digo que não. Porque vale o que nasce, o que está nascendo. Sim! No meio deste mesmo povo, nasce a resistência. Ninguém mata uma ideia, mesmo que teatros e cinemas se transformem em negócios evangélicos; mesmo que máquinas de Karaokês trabalhem contra os neurônios; mesmo que neste negócio pestilento, no qual se inclui tráfico e milícias, felizmente, repito...Felizmente alguns jovens já percebem o que é essa estrutura podre, e sabem enxergar o que está nascendo, brotando em alguns espaços mambembes com alguns quixotes de nossa arte como o sanfoneiro Camarão, como Dominguinhos, Abianto, Tio Bilia, Mário Zan, Zé Correia, que inspiram milhares de meninos sanfoneiros e abre assim, um caminho para a esperança. Maciel Melo os chama de “Passageiros dos Circos da Ilusão”, mas com uma ilusão que constrói o sonho. Cito ainda, como radialista de um programa que faz cultura e que respeita as manifestações regionais, nomes como os de Gedeão da Viola, Tião Carreiro, Renato Andrade, Helena Meireles, Zé Coco do Riachão, que pariram os violeiros às centenas, porquanto os violonistas saiam das cordas de Mão de Vaca, Rosinha de Valença, João Pernambuco, Albano da Conceição, Dilermando Reis, Baden, Dino, Rafael... Lembremos outros mestres que inspiram a garotada que pode transformar nosso Brasil em um país mais artístico e portanto, decente e fraterno: Pixinguinha, Abel, Jacob, Waldir... Dos grandes grupos de Choro e dos santos sambistas, Silas, Candeia, Cartola, Noel...

Como escreveu meu amigo Luiz Carlos Máximo: “Vozes do subúrbio, pontos de luz na escuridão.”

E Viva o samba! Viva a cultura do povo!


A DAMA DA LAPA

Aglaise Silva e Souza

Produtora Executiva da Rádio Viva o Samba

Nina Wirtti e Regional Nacional...

Nina Wirtti e  “Joana de Tal”




Parece que foi ontem!

No meio de uma tarde de primavera em 2010, recebi um convite de meu irmão Caçula 7 Cordas para assistir a um show no Semente, onde ele seria o músico convidado e homenageado.

Em meio aos compromissos do dia me organizei para ir ao tal show...
Chegando ao Semente,  me deparei com um grupo de jovens músicos e uma cantora.

Era um regional como nos tempos do Rio Antigo e a cantora...
Ah!!! A cantora era dona de uma voz perfeitamente colocada e afinada que me transportou a um tempo que nunca vivi!

Me refiro aos anos dourados da Música Popular Brasileira, quando as cantoras tinham voz marcante, estilo, presença de palco e caprichavam na interpretação.

Sim! Foi isso que tive o prazer de presenciar e de me embriagar durante aquela noite com tantas canções tiradas delicadamente de um baú que há tempos não era tocado.

Os jovens músicos que estavam ali, mostravam um conhecimento e sensibilidade que me levaram a renovar a esperança nesse movimento que se faz na Nova Lapa e que ainda hoje luta para romper as barreiras da mídia comercial.

Esses jovens cheios de talento... Mestres tão jovens! Compositores excepcionais, cantores, pesquisadores dedicados... Estão todos aí nesse cenário musical tão eclético, defendendo e divulgando para a nova geração o que se fez de bom e dando um tratamento respeitoso e inovador sem afetar a qualidade do que já foi feito e outros criando dentro dos padrões do velho, bom e eterno samba e do choro.

O regional ainda não tinha nome. E eu, literalmente apaixonada pelo que vi, fiz um convite para que eles fossem a um programa de rádio que na época eu produzia para a Web Rádio Viva o Samba em parceria com Adelzon Alves na Rádio Nacional.

E me lembro com se fosse hoje, dos olhinhos deles brilhando e aceitando o convite.

E foi ali, naquela noite de programa que surgiu o nome REGIONAL NACIONAL.

De la pra cá esses músicos e a nossa Musa Nina Wirtti tem nos presenteado com música de qualidade e noites inesquecíveis!

O Show do Semente já não acontece mais... E nos dá uma tremenda saudade!

Mas agora só se ouve falar na “Joana de Tal”!

Nina Wirtti finalmente nos apresenta o seu primeiro CD Joana de Tal, produzido por seu irmão Guto Wirtti e acompanhada por músicos de primeiríssima linha (Yamandu Costa, Rafael Mallmith, Luis Barcelos, Tiago Souza, Thiago da Serrinha,Aquiles Moraes, Joana Queiroz, Rui Alvim e Bebê kramer).

O CD nos faz viajar no tempo e de tão agradável, já pude até ouvir em roda de amigos que o CD gastou de tanto tocar!

Capa cd Joana de Tal - Nina Wirrti


E é verdade! Eu particularmente acordo e corro para o Cd player para amanhecer ouvindo aquela voz maravilhosa e os arranjos tão bem executados!

Tive o privilégio de receber o CD em primeiríssima mão e tocar na Rádio Viva o Samba em noite muito especial e se você ainda não conhece, corra também para ouvir na Web Rádio Viva o Samba. http://www.radiovivaosamba.com.br


É música para ouvir com o coração!



Assista o vídeo e conheça o trabalho de qualidade de Nina Wirtti e do Regional Nacional



sábado, 19 de janeiro de 2013

VIVA A VÁRZEA

SOCIEDADE E COMUNIDADE (1)

Ações e resultados


Capítulo 1

VIVA A VÁRZEA 

Os pés vermelhos


       O trabalho que fazemos na Web Rádio Viva o Samba, nos gratifica quando temos o resultado em forma de recados, elogios e agradecimentos que recebemos através do nosso site. Todos os recados dos amigos ouvintes são respondidos, e às vezes com isso firma-se um vínculo de amizade que passa a ser uma rotina quase frequente de responder aos mesmos ouvintes mais de uma vez outros recados deixados.

       Porque estou falando sobre isso? 

       Para dar início a esta seção "Sociedade e Comunidade", do Jornal da Rádio Viva o Samba, com a amizade que fizemos com o Vânio do Jardim Verônia, nos vemos hoje como parte dessa família. Então com satisfação o primeiro artigo da seção vai contar um pouco sobre os "pés vermelhos", o trabalho social e claro,  "a várzea".
Viva o Samb...ops !  Hoje é,  VIVA A VÁRZEA!




história dos "Pés Vermelhos"

       Contam que no passado os moradores caminhavam até a estação  Comendador Ermelino Matarazzo a pé, para pegar o trem, meio de transporte usado para chegar ao trabalho.

      O bairro muito carente, onde as ruas não eram todas asfaltadas, existiam muitos morros e, em consequência do barro que tinha nas ruas, principalmente nos dias de chuva, eram obrigados a colocar os sapatos "embaixo do braço" e caminhar descalços. Ao chegar na estação faziam fila para lavar os pés vermelhos de barro em uma torneira que ali havia, o que lhes rendeu o apelido de "pés vermelhos", apelido este aceito com muito orgulho para estes trabalhadores, pois representava suas raízes.

A fundação do clube

         Fundado oficialmente em 26 de novembro de 1962, em uma reunião entre antigos amigos: Manelão, Seu Julio e Zé leite num bar da Rua Antonio Leite Penteado, nascia o Jardim Verônia Futebol Clube, um time com o nome da localidade onde todos moravam, embora amparado a um legado, o Bandeirantes que já disputara algumas partidas com esse nome no antigo campo da Banquímica.


Visite o Blog para conhecer esta história: http://jdveronia.blogspot.com.br/




       

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

ENTREVISTA COM TUNINHO GALANTE


BUTECO VIVA O SAMBA (1)

Entrevista

TUNINHO GALANTE

Zona Norte - Baixada - Centro - Zona Sul - Carioca



O Jornal da Rádio Viva o Samba tem o imenso prazer em abrir a seção de entrevista com uma pessoa que muito nos identificamos e admiramos, pelo trabalho que ela faz pelo Samba a muito tempo.

Recebemos nesta primeira entrevista do Jornal da Rádio Viva o Samba, Antonio Galante ou melhor Tuninho Galante, cantor, compositor. violonista, produtor e arranjador.





"Nasceu no bairro da Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro e a partir dos 10 anos de idade mudou-se com a família para o bairro de Miguel Couto, em Nova Iguaçu, cidade da Baixada Fluminense. 
Começo a aprender violão aos 14 anos.

Fundador do selo musical Galante Discos (Cedro Rosa), pelo qual lançou vários discos, entre os quais o da pandeirista, compositora e cantora Clarice Magalhães.

Compôs as trilhas sonoras dos filmes "Segunda Guerra no Brasil", do diretor Luiz Moura Brasil e "Panair do Brasil", dirigido por Marco Altbert." 

fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira ( http://www.dicionariompb.com.br/tuninho-galante/biografia )


JRVS - Olá Antonio Galante! Ou melhor Tuninho Galante.
É um um grande prazer abrir a seção de entrevistas do Jornal da Rádio Viva o Samba com você, que muito nos identificamos pelo trabalho que faz pelo samba.

TG - Um grande prazer estar em tão boa companhia. 

JRVS - Então vamos as questões...Quem é Tuninho Galante?

TG - Tuninho Galante é um apaixonado por música e cultura brasileira, esse caos organizado chamado Brasil, repleto de tanta contradição, mas igualmente de tantas oportunidades, formado por um povo tão criativo. 

JRVS - A música cria várias alternativas para quem tem o dom de compor, no seu caso como surgem as composições?

TG - Eu faço música de qualquer jeito, no violão, na rua, escrevendo em pedaço de papel, ultimamente utilizando programas de computador de escrever partitura também. Adoro compor por encomenda, escolho alguns temas, converso com meu parceiro Marceu Vieira pela internet, enfim, tudo é motivo pra fazer música.

JRVS - Quais as influências para a relação "Tuninho e o Samba"?

TG - Nunca tinha pensado nisso até a pergunta. Ao invés de falar de influências, vou falar de artistas que ouço desde que era pequeno e gostava muito, na área de samba. Ataulfo Alves, adorava. Ary Barroso, ídem. Depois vieram João Nogueira, com quem vim a trabalhar, Paulinho da Viola e Herminio Bello de Carvalho, este com quem vim a compor também. E aquela geracão de Chico Buarque, Milton, Caetano, Chico, etc, além de Tom Jobim. Mas tenho paixão por Villa Lobos, Haroldo Barbosa, Baden Powell (com quem também vim a trabalhar), Nelson Cavaquinho, Cartola, Romildo e Toninho Nascimento, Noel Rosa, Ismael Silva, sensacional. Ollha, a lista é enorme. 

JRVS - Com os recursos da tecnologia envolvendo os meios de comunicação, o que você espera para o futuro da nossa música?

TG - Sou muito otimista, acho que quanto mais recursos, melhor, principalmente no sentido das possibilidades de execução pública, com rádios on line, mídias alternativas em locais públicos, telefones, etc.

JRVS - A opinião da RVS é que as oportunidades nos meios de comunicação poderiam ser melhores se bem aproveitados os talentos, os horários e o conteúdo apresentado.Você vem numa longa batalha contribuindo para a nossa música. Como você vê hoje o trabalho das rádios e TV's ?

TG - A TV virou o túmulo da música, logo ela que era impulsionada pela música. Grandes músicos já tiveram programas de TV, como Tom Jobim, João Roberto Kelly, Jair Rodrigues, Ivan Lins, etc. Hoje em dia raros programas de música ao ar de madrugada, virou um grande deserto. A rádio comercial toca as mesmas músicas por interesses comerciais que nem quero falar, não existem programas que valorizem a produção autoral, é uma pena. Mas a vida se renova, as vezes é preciso que se vá ao fundo do poço para uma volta e uma reinvenção.

JRVS - Vamos falar um pouco do seu seu trabalho e projetos? Fique a vontade para descrvê-las.

TG - Inúmeros projetos, que estou tentando viabilizar financeiramente, através de programas de incentivo. Temos, Marceu Vieira e eu, o musical SINFONIA DA VIDA A DOIS aprovado, para ser montado esse ano. É um musical brasileiro, que fala da vida de um casal, com músicas inéditas, muitos sambas, naturalmente. Pretendo também fazer o segundo Cd Edição do Autor, com Marceu e outros convidados. Tenho projetos instrumentais bem adiantados, ligados a violão acústico e guitarra elétrica como solistas. Estou finalizando uma série de quarteto de cordas, com música brasileira instrumental. Terminamos o filme PARTIDEIROS, que estreamos no Festival do Rio em 2012  e estamos preparando o lançamento comercial para este ano. 

JRVS - Suas produções musicais:

TG - As últimas produções musicais são os CDs CLARICE MAGALHÃES, o CD RODA DE SAMBA DE PARTIDO ALTO (que também é o filme PARTIDEIROS), e o CD Edição do Autor, todos lançados pela gravadora e produtora CEDRO ROSA.

JRVS - Com os contatos que a Rádio Viva o Samba faz nas redes sociais, certificamos que a nossa música é apreciada e reverenciada em vários continentes. Você acha que falta informação para o nosso povo conhecer mais a nossa cultura?

TG - EU fico impressionado com isso. Os acessos ao meu blog (tuninhogalante.blogspot.com.br) são mais dos exterior do que do Brasil. O interesse dos estrangeiros pela música contemporânea brasileira independente é impressionante. E no Brasil, diria que existe quase que um desprezo. Não entendo isso. Mas não paro de trabalhar, não desisto, vou em frente.
Mas fico um pouco triste com isso. 

JRVS - É reduntante perguntar. Mas você é a favor do ensino de música nas escolas? Colocaria alguma sugestão?

TG - Evidente que sim, mas com cuidado, partindo de coisas interessantes, de músicas que os estudantes gostem para o lado teórico. Senão vai ficar chato. 

JRVS - Hoje no Rio de Janeiro o bairro da Lapa é o núcleo de um encontro de culturas diversas, mas sabendo que você foi criado na baixada fluminense, fale um pouco sobre o desenvolvimento nesta área.

TG - Passei dos 5 aos 20 anos na Baixada Fluminense, em Miguel Couto e Nova Iguaçu. Ali foi minha base cultural, adorei, uma época muito rica. Quando me lembro que meu primeiro show, em Nova Iguaçu, que se chamava "COM A CARA E A CORAGEM" e fiz com meu parceiro na época, o Antonio Rocha, e que deu mais de mil pessoas, no auditório do Instituto de Educação, com chamada na novela e no jornal Nacional da TV Globo, custo a acreditar. Era um momento de grande efervescência cultural. Quando vim para o Rio, trouxe muita daquela elan comigo. Sou muito agradecido a infância e juventude que tive.

JRVS - O seu lado social é muito presente. Nos fale sobre o Embaixada do Samba.

TG - Foi o primeiro disco de minha primeira gravadora, que se chamava Galante Discos. Isso, em 1990. E era uma forma de agradecer a Baixada Fluminense pela minha formação humana e cultural. Como eu tinha saído de lá e já tinha uma boa bagagem profissional, achei que seria legal fazer um disco dedicado aos grandes valores daquele lugar de grandes talentos. Adoro o disco até hoje. Um dia desses, vi um a venda num desses sebos virtuais por uma fortuna. Virou cult. 

JRVS - Tuninho Galante, muito nos honra ter você como parceiro e saber que é uma semente que cultua e respeita o Samba. Obrigado por esta participação, as portas da Rádio Viva o Samba estarão sempre abertas para o seu trabalho.
Deixe um recado agora para os amigos leitores e ouvintes da Rádio Viva o Samba.

TG - Continuem a prestigiar a Rádio Viva o Samba, não se dêem por satisfeitos com a programação medíocre que outros veículos comerciais oferecem. Duvidem sempre da mesmice e fiquem atentos aos novos talentos. Sempre que puderem, divulguem em todos os meios a Rádio Viva o Samba.


Brasileiro da Gema de Tuninho Galante e Marceu Vieira
Brasileiro da Gema é um hino de amor ao Rio de Janeiro. Fala do espírito carioca através de situações, músicas, blocos carnavalescos e ícones da cidade. Esta gravação faz parte do Cd Edição do Autor, de Tuninho Galante e Marceu Vieira, lançado pela Cedro Rosa.




Quer conhecer mais sobre Tuninho Galante? Acesse o Blog  http://tuninhogalante.blogspot.com.br/

REFLEXÃO DE CARNAVAL - Flavio Oliveira do Salgueiro

TEMPO DE RECOMEÇAR (1)

Flávio Oliveira do Salgueiro

www.flavioliveira.com



Com mais de 20 anos na atividade musical, várias músicas gravadas e participação na formação de diversos grupos musicais, integrante da ala de compositores da escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro, o advogado militante, com larga experiência em Direito do Trabalho, Flavio Oliveira faz palestras em Universidades, destacando-se a Universidade Estácio de Sá, com o tema “DO FORUM AO SAMBÓDROMO” “DA LINGUÁGEM FORENSE A LINGUAGEM DO SAMBA ENREDO”.

Como profissional do direito, transmite aos alunos toda a sua experiência e a importância da formação da linguagem técnica do advogado mas, mostra também a necessidade deste profissional em conhecer a formação da linguagem popular, entendendo-a e se fazendo entender, assim como ocorre com a confecção de um samba enredo, que é a forma mais popular da expressão da linguagem. Estas palestras, invariavelmente terminam com uma apresentação musical. Flavio Oliveira tem o seu site www.flavioliveira.com, visite e conheça mais sobre este artista


REFLEXÃO DE CARNAVAL


       Partindo da frase antológica de um dos mestres do samba,   Nelson Sargento da Mangueira, de que "O SAMBA AGONIZA MAS NÃO MORRE", vamos analisar o carnaval do Rio de Janeiro.

No início das atividades para o carnaval de 2013, onde as diversas agremiações  carnavalescas divulgam seus enredos. E como sempre, às diretorias afirmam de forma categórica de que nas suas agremiações, no que tange a samba enredo, "Vai  Ganhar o melhor" e, todos nós, sambistas convictos e praticantes, acreditamos que sim, mas, existem algumas questões que não encontram respaldo ou resposta para um raciocínio lógico, como por exemplo:

1 – Porque que todas, ou a maioria das escolas de samba abriram as suas alas de compositores? Se verificarmos a maioria dos autores dos sambas campeões, nos últimos anos, das diversas agremiações, não existe mais o compositor com a identidade da escola (estilo, linha melódica, letra), porque? Com raras exceções, a maioria dos sambas vencedores, não são assinados pelos compositores da escola, mas sim, por convidados. Com isso, após a escolha dos sambas, as agremiações ficam vazias, pois as torcidas organizadas e contratadas durante o certame desaparecem e, a partir de então, o samba escolhido, fica por conta das respectivas comunidades, que por muitas vezes e,  a contra gosto, ficam com a incumbência de engolir a obra escolhida, digeri-la e torná-la aprazível para o público em geral. Nem sempre conseguem.

 2 –Há que se questionar também, a maioria dos sambas de hoje são escolhidos pela sua qualidade? Pela devida descrição do enredo, com a melodia adequada?  Ou pela quantidade de pessoas que colocam na quadra? (torcida organizada, adereços, bolas, canhões de papel picado, patrocínio etc...), melhor dizendo, pelo investimento econômico? Isso sem contar com os valiosos e valorosos intérpretes profissionais contratados, que normalmente dão um brilho diferente da característica da escola, o que, depois da escolha, nem sempre funciona na voz do cantor oficial daquela agremiação e, no seu andamento de desfile.

 3 – Sem querer ser saudosista, não faz muito tempo em que os integrantes do departamento musical das diversas escolas (compositores, intérpretes, músicos, ritmistas) depois de muito tempo de janela e, de pleno exercício de suas atividades, eram convocados para  a ala de harmonia das suas escolas e, eram respeitados, pois todos da comunidade do samba tinham conhecimento do seu histórico naquela agremiação ou em outras e, foi assim que surgiram os consagrados diretores de harmonia. Tanto isso é verdade que, os craques do carnaval até hoje são respeitados e sabem o que fazem, como por exemplo, Laila, Chope, Sabiá, Xangô, e outros... pois,  no samba, assim como em qualquer atividade,  existe um diferença enorme entre iniciativa e peruada. A escolha de um bom samba é imprescindível para o sucesso de uma escola, pois, além do seu próprio quesito (samba enredo), ainda tem influência direta nos quesitos Harmonia, Evolução, Bateria, Conjunto, Mestre sala e Porta Bandeira, quesitos esses que necessitam de uma escolha acertada, para terem uma boa nota, ou melhor, não perder pontos.  Não basta a escola ter um bom enredo ou, a excelência em alegoria ou adereço.

 4 – Pelo que se vê hoje, a maioria das escolas, não dão o devido valor aos seus compositores e, por isso, não os utilizam naquilo que sabem fazer por vocação que é o samba e, a sua utilização na  harmonia (perfeita sintonia do canto com a dança; evolução tranqüila e harmônica, compactação das alas sem que se torne um desfile militar) com uma boa letra (síntese descritiva do enredo) com uma boa descrição  poética e, infelizmente, quem paga com isso, normalmente, é a própria agremiação. Que saudade dos grandes carnavais, como por exemplo, de Peguei o Ita no Norte, quando o Salgueiro explodiu o coração do País em 1983, do tricampeonato da Beija flor de 1976, 1977 e 1978, dos memoráveis campeonatos da Portela e da Mangueira; das disputas acirradas pela qualidade dos sambas do Império Serrano. Nessas ocasiões, a disputa dos sambas não se encerrava na quadra com a escolha na escola, pois após a decisão nas diversas agremiações, havia uma saudável disputa e concurso popular entre os hinos escolhidos antes mesmo do desfile oficial, sambas, que até hoje são cantados, passando por gerações, pois a qualidade do samba era a condição "sine qua non" para a sua escolha. Um alô de agradecimento e reconhecimento ao grande Baianinho da escola Em cima da Hora, Edeor de Paula dos Sertões, do Cabana na Beija Flor, ao Mestre Fuleiro, ao Paulo da Portela, Geraldo Babão,  Toco da Padre Miguel, Zé Catimba da Imperatriz, Silas de Oliveira, David Correa, Noca da Portela, Aluísio Machado, Zuzuca, Dede, Dida, Didi da União da Ilha e tantos outros, pela obra deixada... Fica aqui uma pergunta que não quer calar: Se (Silas de Oliveira, Cartola, Carlos Cachaça, Geraldo Babão, Toco, Dida, Dedé, Noel Rosa de Oliveira, e outros) se ainda estivessem vivos, teriam alguma chance nos concurso de samba de hoje? E porque que as suas obras se tornaram eternas?

 5 – E as alas de passistas, cabrochas, ritmistas que eram ovacionados pelo público nacional e principalmente, pelos turistas.  Hoje, está banalizada ou, nivelada por baixo, as atividades de passista, ritmista, mestre sala, diretor de carnaval ou de harmonia e, o que é pior, tem carnavalesco que não gosta de passistas e, por isso, proíbe que os mesmos ingressem com as suas roupas brancas em seus enredos (salve Vitamina do Salgueiro, saudade de Gargalhada, Delegado, etc..., que eram passistas e não coreógrafos). Há que se registrar a maior heresia, que constantemente assistimos, nos diversos ensaios e desfiles de algumas escolas, que são as baianas sendo obrigadas por jovens diretores a coreografar sua dança com passos marcados; rodando para o mesmo lado em determinada frase do samba e se voltam para o outro, no refrão seguinte, mãozinha pra cima, mãozinha pro lado, ou seja, um enorme desrespeito, as nossas mães baianas, entidade maior de uma escola de samba, que deveria merecer mais respeito daqueles que, com toda a certeza, desconhecem a história do samba, o papel e, a importância das baianas em uma escola de samba.

 6 - Mas, como o sambista não se entrega e nem esmorece, seguindo a frase do baluarte da Verde e Rosa Nelson Sargento "O samba agoniza, mas não morre", e não vamos deixar que morra. Pois não é possível que permitam que alguns alienígenas matem ou, descaracterizem a tradição do carnaval carioca, pois o carnaval, o samba, as escolas de samba, com todos os problemas existentes, ainda representam uma das maiores expressões da cultura desse País.

7 - Vamos aguardar a nova safra dos sambas, os enredos e, o desenvolvimento do carnaval para 2013, dando um voto de confiança aos dirigentes das diversas agremiações para que o carnaval de 2013 seja o melhor espetáculo da terra na acepção da palavra. Salve o Samba. E que, realmente vença o melhor.

UM MARTELO PRO CARTOLA - Victor Alvim Lobisomem


QUINTAL DO LOBISOMEM (1)

Victor Alvim

quintal-do-lobisomem.blogspot.com.br  


Nascido no Rio de Janeiro, capoeirista discípulo de Mestre Camisa e membro da ABADÁ-CAPOEIRA, poeta popular membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, onde ocupa a cadeira 27 tendo como patrono o poeta pernambucano Severino Milanês. Compositor e cantador, depois de participar de 7 cds da ABADÁ-CAPOEIRA, lançou em 2009 seu primeiro cd solo intitulado CAPOEIRA POPULAR BRASILEIRA.

Victor Alvim o Lobisomem nome de batismo na capoeira, atua no espetáculo musical BESOURO CORDÃO DE OURO de Paulo Cesar Pinheiro. Lobisomem tem o seu blog Quintal do Lobisomem ( quintal-do-lobisomem.blogspot.com.br ).

A Rádio Viva o Samba (www.radiovivaosamba.com.br) agradece e sente-se honrada com a colaboração do nosso amigo para o Jornal da Rádio Viva o Samba.


UM MARTELO PRO CARTOLA

Foto Victor Alvim diante a estátua de Cartola no Centro Cultural Cartola
Victor Alvim no Centro Cultural Cartola

No dia 11 de outubro, o grande poeta Angenor de Oliveira, o Cartola da Mangueira foi lembrado, nos seus 104 anos. Então, fui convidado para participar no sábado dia 6 de outubro, do evento da ABADÁ-CAPOEIRA no Centro Cultural que leva seu nome apresentando um pequeno cordel que escrevi em sua homenagem. Preparei um martelo agalopado, modalidade do cordel onde, as estrofes são de 10 versos de 10 sílabas cada. Eis meu pequeno tributo ao grande mestre:




UM MARTELO PRO CARTOLA
Autor: Victor Alvim (Lobisomem)

Lá no morro desponta a alvorada
Eu levando correndo e olho o céu
Uma nuvem descortinando um véu
Emoldura com sua cor rosada
A Mangueira uma árvore sagrada
Baobá do sambista brasileiro
Seu cenário é o Rio de Janeiro
O sol nasce trazendo um bom dia
Tingindo com as cores da poesia
A estação do seu poeta primeiro

Nestas cores eu busco inspiração
Verde e rosa combinação perfeita
É chegada a hora da colheita
Na Mangueira poesia é tradição
Feito fruta no pé, raiz no chão
Neste chão que o menino joga bola
Na favela onde tanta coisa rola
Onde mora um povo tão bonito
Neste solo o poeta fez se mito
Neste chão que viveu mestre Cartola

O seu nome Angenor de Oliveira
Veio ao mundo cumprir sua missão
Fazer música com alma e coração
E fundar sua estação primeira
A escola de samba de Mangueira
Onde o mestre Cartola foi reitor
Dedicou sua vida com amor
E a Mangueira hoje é orgulhosa
Deste mito e herói da verde e rosa
O querido Cartola Angenor

Quando o mundo me vem feito um moinho
Triturando meus sonhos e ilusões
Eu começo a lembrar suas canções
E cantar suas músicas sozinho
Eu disfarço e choro um pouquinho
Pro inverno do tempo amenizar
Na verdade o que me faz chorar
É a saudade que o Cartola deixou
E a Mangueira toda também chorou
Quando foi para o céu com Deus cantar

E até mesmo as rosas que não falam
Porém choram sua falta sentindo
Mas quando alguém me ver sorrindo
São sambas de Cartola que me embalam
E o perfume que as rosas exalam
Trazem sua presença e energia
Entre as cordas de aço e a bateria
Da Mangueira sua querida escola
Corro, olho pro céu, vejo Cartola
E meu peito explode de alegria


Clique no link abaixo e assista o vídeo gravado no Centro Cultural Cartola: